Pela Democratização do espectro  radioelétrico, para fortalecer a comunicação do poder popular!
                Ao povo Venezuelano, seu governo e suas organizações populares.
                Com disposição para a luta por uma outra  América Latina e Caribe livre da hegemonia capitalista, saudamos as discussões  que neste momento vocês realizam, junto às organizações da sociedade civil, aos  conselhos e meios comunitários, aos produtores independentes, aos trabalhadores  e trabalhadoras dos meios de comunicação, a Rede Venezuelana de Mídias  Comunitárias e demais organizações populares, para definir um novo canal de  comunicação pública, verdadeiramente democrático, participativo, reutilizando  socialmente as freqüências recuperadas da RCTV, Rádio Caracas Televisão, tendo  em vista que o espectro radioelétrico é um bem público e patrimônio da  humanidade.
                A luta dos venezuelanos se insere na luta  política dos povos deste continente pelo direito coletivo e difuso à  comunicação na perspectiva da autodeterminação dos povos, de uma sociedade  igualitária possível e necessária e de novas práticas de democracia, onde os  governos e as representações da sociedade, sobretudo as populares, pautam  questões, discutem livremente e partilham de dissensos e consensos, acerca das  decisões locais, regionais e nacionais, as quais espelham novas experiências  para novos rumos do desenvolvimento da sociedade, em lugares diversos do  continente, os quais incluem ou não a estratégia de ruptura do sistema, isto é,  do marco civilizatório e modo de produção capitalista.
                As práticas dos meios de comunicação de  massa, sob concessão a grupos privados, são demonstrações de que os sistemas  privados de comunicação, a exemplo da Globo e demais redes no Brasil e da RCTV  e outras espalhadas no continente, não respeitam a natureza pública da  comunicação, os valores culturais das classes subalternizadas e, na esteira dos  programas de entretenimento e nos espaços noticiosos fraudados, produzem e  reproduzem a mídia do capital e a materialização do discurso das práticas de  governos que sustentam a dominação social. 
                Deste modo, partilhamos da solicitação  das organizações sociais venezuelanas de Não Renovação da Concessão a RCTV, em  dezembro último, aprovada durante o 1 Congresso Internacional: “COMUNICAÇÃO  ATÉ O SOCIALISMO”. Igualmente  apoiamos a afirmação do cientista político venezuelano, William Izarra, durante  Conferência em Paris, França, em 25 de abril de 2007,de o grupo privado RCTV é “conspirador  e desestabilizador”. Sendo “um dos principais instigadores do golpe, se dedicou  logo à desestabilização do processo revolucionário. RCTV perderá sua licença  como direito que tem o Estado conforme sua legislação”. Igualmente ecoamos o  posicionamento do eurodeputado espanhol, Willy Meyer, da Esquerda Unitária  Européia, que pediu respeito pela “decisão soberana do Governo Venezuelano de  não renovar a permissão que autoriza a RCTV a operar em sinal aberto somente  até 27 de maio de 2007”.  
                Esta TV privada participou de um golpe de  estado, em abril de 2002, que resultou em dezenas de mortes. Não satisfeita,  participou da sabotagem ao petróleo, prejudicando a economia do país,  principalmente os mais pobres. Tem participado de permanentes ataques aos meios  comunitários nacionais e internacionais e de muitos outros contra o povo e seu  governo. Por último,  reafirmamos que a República Bolivariana de Venezuela é uma nação independente e  soberana que atua dentro um marco jurídico, discutido e aprovado pelo  povo venezuelano.
                É justa e coerente do ponto de vista  político a contestação à Carta Aberta da AMARC ao governo Venezuelano, a qual  contraria os interesses, necessidades e direitos das comunidades da república  bolivariana. Partilhamos, mais que solidários, da decisão soberana da  Associação da Rede Venezuelana de Mídias Comunitárias e nos somamos, entre outras,  à Rádio Comunitária FM Bajo Flores, de Buenos Aires, Argentina, que se  desfiliam da AMARC-ALC e alertam para as práticas políticas de entidades  mundiais, a exemplo dos Repórteres Sem Fronteiras, as quais em momentos como  este retiram suas mascaram de defensores da liberdade de expressão e do direito  de informar e ser informados das comunidades nacionais.
   
                  Nada mais justa a vontade política das  organizações comunitárias e da Associação da Rede Venezuelana de Mídias Comunitárias  de ratificar, em assembléias populares e em Congresso Internacional,  o apoio à decisão do  Estado Venezuelano de NAO RENOVAR a concessão da RCTV, e da criação de um canal  de serviço público, utilizando-se o grupo de freqüências recuperadas da RCTV,  em cumprimento ao artigo 108 da Constituição Bolivariana de Venezuela. E, acima  de tudo, na perspectiva da “democratização  do espectro radioelétrico para fortalecer a comunicação do poder popular".
                Por fim, reafirmamos nosso apoio e  solidariedade ao povo venezuelano e demais povos do continente nas lutas pelo  direito à comunicação e por mudanças políticas profundas em direção à superação  da hegemonia e dominação do capital globalizante, em especial do imperialismo  norte americano.
                Brasil, primeiro de maio de 2007.
                FNDC-BA – Comitê da Bahia Pela  Democratização da Comunicação
                  Associação Baiana de Radiodifusão  Comunitária – ABRAÇO-BA
                  Central Única dos Trabalhadores  -CUT MG
                  Sociedade Civil Acauã
                 
                Obs: Outras entidades em várias partes do país já  confirmaram.